A prótese total de quadril é a substituição da articulação em casos de doenças como a artrose, que é o desgaste do quadril. Essa cirurgia é conhecida por seus excelentes resultados e foi considerada pela Lancet, no século passado, como a cirurgia do século XX. No entanto, estamos sempre em busca de formas de aprimorar a técnica e melhorar ainda mais os resultados da cirurgia.
Quando falamos de acesso cirúrgico, estamos nos referindo à abordagem utilizada para acessar a articulação durante o procedimento. No caso da prótese total de quadril, temos três acessos principais: o anterior, o lateral e o posterior.
O acesso anterior é feito pela frente do quadril, e eu vou falar dele um pouquinho mais pra frente. O acesso lateral é realizado pelo lado, e nessa abordagem, fazemos uma desinserção dos músculos glúteo médio e glúteo mínimo. Já a via posterior é feita pela parte de trás do quadril, e nesta técnica realizamos uma desinserção dos rotadores externos do quadril e do músculo piriforme.
Na via anterior, entramos em um plano que chamamos de plano intermuscular. O que isso significa? Que não desinserimos nenhum músculo; conseguimos acessar afastando os músculos, resultando em uma lesão muscular muito menor. Por esse motivo, a via anterior traz algumas vantagens principais.
Devido à menor lesão muscular, essa abordagem permite uma reabilitação inicial mais rápida. O paciente consegue andar sem muletas em um período mais curto e voltar às suas atividades normais mais rapidamente do que nas outras técnicas.
Outra vantagem do acesso anterior é a estabilidade. Uma das complicações da prótese total de quadril é a luxação, que ocorre quando a prótese se desloca, fazendo com que a cabeça do fêmur se desencaixe do acetábulo. No acesso anterior, essa complicação é muito mais rara; alguns estudos apontam apenas três casos de luxação para cada mil cirurgias, ou seja, é uma ocorrência extremamente rara.
A terceira vantagem da prótese total de quadril por via anterior, especialmente quando utilizamos a técnica na mesa convencional, é o controle do comprimento dos membros. Com o desgaste do quadril, é comum que a perna do paciente encurte. Com a cirurgia, queremos reestabelecer esse comprimento. Controlar a diferença de comprimento é uma tarefa desafiadora para o cirurgião de quadril. Na via anterior, o paciente está deitado de barriga pra cima na mesa cirúrgica, o que facilita o controle durante o procedimento. Assim, o controle da diferença de comprimento é mais eficiente na técnica por via anterior em uma mesa convencional.
Essa técnica ainda é realizada por poucos cirurgiões no Brasil, mas vem crescendo muito fora do país. Nos Estados Unidos, cerca de 30% dos procedimentos são feitos dessa forma. Desde 2016, realizo essa técnica com excelentes resultados.
Gostou dessa explicação sobre a prótese total de quadril feita por via anterior? Nos vemos no próximo texto do blog.
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