Lesões no quadril em atletas de tênis

Lesões no quadril em atletas de tênis

Causas, casos famosos e avanços no tratamento

O tênis é um esporte que exige potência muscular, agilidade e movimentos rotacionais intensos, principalmente na região do quadril. Com isso, lesões nessa articulação são comuns entre tenistas, tanto amadores quanto profissionais. Neste artigo, vamos entender as principais causas dessas lesões, como elas afetam a carreira dos atletas e quais os tratamentos mais modernos disponíveis atualmente.

Por que atletas de tênis sofrem tanto com o quadril?

Uma das patologias mais comuns entre atletas jovens que praticam tênis é o impacto femoroacetabular (IFA). Apesar do nome sugerir “impacto”, essa condição está diretamente relacionada aos movimentos de rotação e flexão do quadril, que são frequentes no tênis.

Durante uma partida, o tenista realiza inúmeros movimentos laterais e inclinações para alcançar bolas próximas ao chão, ações que exigem ampla mobilidade e resistência da articulação do quadril. Quando o atleta apresenta pequenas alterações na forma do osso, chamadas de deformidades do tipo cam ou pincer, esses movimentos repetitivos podem causar desgaste precoce da articulação e provocar dor.

A deformidade cam acontece quando a cabeça do fêmur não é perfeitamente redonda, dificultando o encaixe com a bacia durante os movimentos. Já a deformidade pincer ocorre quando há um excesso de osso na borda do encaixe da bacia (acetábulo), o que limita os movimentos e pode comprimir estruturas importantes da articulação.

A artroscopia na evolução do tratamento

Até o início dos anos 2000, o tratamento cirúrgico das lesões do quadril era bastante limitado. A artroscopia de quadril, técnica minimamente invasiva, ainda estava em desenvolvimento. Muitas vezes, em casos de lesão do lábio acetabular (estrutura fundamental para a estabilidade da articulação), o tratamento cirúrgico consistia apenas na sua retirada completa, procedimento chamado de desbridamento.

Embora essa abordagem pudesse trazer alívio temporário, a remoção do lábio comprometia a função do quadril a longo prazo, acelerando o processo de degeneração articular e contribuindo para o desenvolvimento de osteoartrose.

Casos famosos: Guga Kuerten e Andy Murray

Guga Kuerten

De acordo com sua biografia, Guga sofreu com lesões no quadril no início dos anos 2000. Na época, a artroscopia ainda não era amplamente utilizada, e ele foi submetido a cirurgias que incluíam o desbridamento do lábio acetabular. Com o tempo, a ausência dessa estrutura comprometeu a estabilidade da articulação, levando à degeneração progressiva do quadril. Isso contribuiu para sua aposentadoria precoce e, posteriormente, à necessidade de uma prótese total de quadril.

Andy Murray

O caso do tenista britânico é retratado no documentário Resurfacing, disponível na Amazon Prime. Murray foi diagnosticado com artrose no quadril ainda em atividade, uma condição considerada incomum em pacientes jovens, mas não rara entre atletas de alto rendimento. Ele passou por uma tentativa de artroscopia, mas devido ao estágio avançado do desgaste, acabou optando pela cirurgia de resurfacing de quadril, uma alternativa à prótese total em alguns casos específicos.

O que aprendemos com esses casos?

Lesões no quadril em atletas de tênis podem ser complexas, progressivas e, se não diagnosticadas e tratadas adequadamente, podem levar a consequências irreversíveis. Atualmente, o avanço nas técnicas cirúrgicas, como a artroscopia com preservação do lábio acetabular, tem permitido uma abordagem mais conservadora e eficaz, com maior preservação da função articular.

O mais importante é o diagnóstico precoce. Quando identificado a tempo, o impacto femoroacetabular pode ser tratado com sucesso, evitando a progressão para artrose e possibilitando o retorno do atleta à prática esportiva com segurança.

Cuidar do quadril é essencial para seguir em quadra

O quadril é uma articulação fundamental para o desempenho do tenista, já que participa de praticamente todos os movimentos do jogo. Por isso, é importante estar atento a sinais como dor persistente, limitação de movimentos e histórico de lesões.

A avaliação com um especialista em quadril permite um diagnóstico preciso e a definição de um plano de tratamento personalizado, voltado não apenas para o retorno ao esporte, mas também para a preservação da qualidade de vida dentro e fora das quadras.